Muita gente tem ouvido e comentado sobre o último CD do Bebeto, então resolvemos postar uma das críticas aqui. Fazendo um passeio por algumas faixas, Julio Biar – colunista do site “Rio e Cultura” – apresenta o trabalho para quem ainda não ouviu e faz a quem já escutou ficar com vontade de dar play mais uma vez. Um abraço e até a próxima!
“(...)A suingueira começa com ‘Charme’, dos gaúchos Thiago Corrêa e Allan Dias Castro, autores que reaparecem no decorrer do baile onde sol, mulher e futebol são referências. Destaque para o arranjo de metais de Marlon Sette que também defende o trombone nesta e em outras faixas.
O astral continua alto em ‘De bem com a vida’ (Vadinho/ Bebeto) apesar de a realidade carioca ser muito diferente da de trinta anos atrás: “A violência está na pista, cada dia é um na lista”, constata o autor de ‘Praia e sol’.
‘Cara casado’ (Thiago Corrêa/ Allan Dias Castro’ remete a antigos (e irresistíveis) sucessos como ‘Minha preta’ e ‘Neguinho poeta’. Bebeto mostra boa forma vocal, com pinta de bandleader capaz de animar novas festas.
Seguindo a onda do politicamente correto o cantor saúda o continente africano: “Obrigado África pela cor do Brasil”, diz a letra de ‘Herdeiros da raça’ (Bebeto/ Rubens) que não consegue escapar da obviedade.
Na hora do rosto colado as pouco inspiradas ’Valorizando a vida’ (Bebeto/ Flávio Lima/ Mirta Garcia) e ‘Linda’ (Vadinho/ Bebeto) baixam a temperatura da pista.
As parcerias com Mombaça alternam-se entre o balanço contagiante de ‘Buraco Quente’ que não deixa ninguém parado e o meio-termo de ‘Com sotaque do meu samba’ cuja proposta – a mistura de samba-rock e samba-reggae – fica no meio do caminho sem a percussão característica de Pelourinho.
Outro Rei – do Baião – é lembrado em ‘Temporada de caju’ (Bebeto/ Maria de Fátima), quando Bebeto pede licença a Luiz Gonzaga. A pulsação do baile cai novamente na insólita homenagem a Noel Rosa (1910 – 1937) em ‘Eterno poeta’ (Bebeto/ Rubens/ Dada): “Poeta igual Noel não se encontrará jamais”, decreta.
Outra homenagem, desta vez à mãe, encerra o disco de forma suave, deixando a sensação de que, assim como Jorge Ben Jor (citado na faixa ‘Tudo bem’ onde Thiago Corrêa e Allan Dias Castro emulam as letras descritivas tão características de Jorge), Bebeto é mais legal quando não deixa o balanço de lado”.
Fonte:
Rio e Cultura